Os Vedas tem seis pontos de vista que são: Nyáya e Vaisheshika, Yoga e sāṅkhya e Mimansa que consta de duas escolas: Purva Mimánsa ou Mimansa e Uttara Mimansa ou Vedanta.
O Yoga é a disciplina que leva à prática da filosofia sāṅkhya e reconhece o Ishvara – a essência Primordial.
O homem recebeu da natureza as três qualidades ou gunas que são: sattva, luminosidade ou o estado de claridade ou iluminação, rajas, a ação ou movimento e tamas, a inércia que tem como princípio a roda do tempo, kálachakra (kála - tempo, chakra- roda) que gira em torno da existência. O homem recebe influência constante dos gunas.
O termo sânscrito Yoga significa tanto disciplina quanto união e procede da raiz sânscrita “yuj”, que significa juntar, unir, atar, jungir. Na sua origem a palavra “yoga” significa uso, utilização, de onde vem o conceito de direcionar e concentrar a atenção a fim de utilizá-la para meditação. Utilização dos princípios básicos da natureza primordial “Prakriti”, para que através da prática do Yoga, alcance-se a natureza divina de “Púrusha”. O yoga é a arte que leva a mente incoerente e dispersa a um estado reflexivo e coerente. É a união da alma humana com a Divindade. É a união da alma humana Jivatman com a divindade Paramatman.
Yoga é a união do “Si mesmo individual” – jivátman com o “Si mesmo Universal Paramátman. A filosofia Sánkhya é teórica, enquanto o Yoga é a parte prática desta teoria. O conhecimento sem ação, e a ação sem conhecimento não tem resultado. Estes dois pontos de vista dos Vedas precisam estar sempre juntos.
Segundo o Yoga (Yájñavalkya Smriti), o Criador Brahman, foi na sua origem o difusor do Yoga como sistema para a saúde do corpo, o controle da mente e a busca pela paz. Este sistema foi compilado e assim escrito por Patañjali no YogaSútra ou Aforismo doYoga. O YogaSútra trata das diretrizes que revelam os meios e o fim, na combinação da prática das oito disciplinas do yoga em que o praticante de yoga experimenta a união com o Criador, perdendo a sua identidade de corpo, mente e Si mesmo. Isto é Samyama que representa a integração do Yoga.
Segundo o Yoga Sútra de Patañjali Pada II 18 e 19, o mundo visível e objetivo consiste em elementos da natureza e sentidos de percepção que compreende três qualidades ou atributos (gunas) que são sattva- luminosidade, estado de claridade ou iluminação, esplendor, rajas – ação, movimento e tamas –inércia ou latência e que tem como princípio a roda do tempo. Esta roda do tempo, kálachakra (kála - tempo, chakra - roda), gira em torno da existência e kuláchakra, em que o homem é modelado e remodelado de acordo com a ordem predominante destas características fundamentais do entrelaçamento dos gunas.Todos existem eternamente para servir “àquele que vê” (o sujeito) como propósito de experimentar os caprichos (objetos) do mundo. Nesse sútra encontramos as características, ações e usos da natureza (prakriti).Todos estes atributos e virtudes estão estabelecidos na natureza, nos sentidos, na mente, inteligência e ego. Juntos funcionam harmoniosamente em forma de luminosidade. Ação e inércia, permitindo “àquele que vê” desfrutar dos prazeres mundanos (bhoga) e despojando-se deles, experimentar a libertação.
“Aquele que vê” está encoberto pelas cinco envolturas (koshas), que são os elementos da natureza: terra, água, fogo, ar e éter. A terra representa a envoltura anatômica, a água a envoltura fisiológica, o fogo a envoltura mental, o ar a envoltura intelectual e o éter representa a envoltura espiritual. Os órgãos de ação e os sentidos de percepção ajudam o praticante a purificar as envolturas anatômica e fisiológica, mediante Yama, Niyama. Ásana, pránáyáma e pratyáhara despojam “ao que vê” da envoltura mental. Dháraná e Dhyána limpam a envoltura intelectual e Samádhi abre as portas da prisão de todas as envolturas para experimentar a beatitude. Samádhi é o caminho para libertação - Kaivalyan.
A natureza (prakriti) consiste em inteligência cósmica (mahat), que conta com as três qualidades, sattva-luminosidade, rajas- ação ou movimento e tamas- inércia. Prakrit também manifesta sua energia no caráter dos cinco elementos: terra, água, fogo, ar e éter; e nas cinco manifestações sutis do olor, sabor, forma, tato e som.
A contrapartida individual da inteligência cósmica (mahat) é a consciência individual ou citta. Citta consiste na mente (manas). Manas é a faculdade do pensamento e citta é a memória ou o conjunto de experiências e impressões mentais (sanskaras) que ficam armazenados na mente. As características do pensamento (manas) são a volição (esforço deliberado ou força de vontade) e a dúvida. Não tem sentido de autoconsciência e sua atividade não é inteligente, consistindo em aceitar ou recusar as informações que vem dos sentidos (indriyas), sendo o ego (ahamkara) quem se identifica com as sensações e a experiência para que finalmente o princípio discriminador (buddhi) é quem julga e decide. A informação recebida pelos sentidos ativa o pensamento (manas) e a memória (chitta) e estes ativam o ego (ahamkara) que por sua vez ativa a inteligência discriminadora (buddhi).
O homem é dotado de mente (manas), intelecto (buddhi) e ego (ahamkara), denominados coletivamente de “consciência” – chitta, a qual é fonte do pensamento, entendimento e ação.
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