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Foto do escritorMaria Fátima Audino Edler

Brahma

Brahma é o criador dos deuses, dos humanos e de tudo o que existe no universo manifesto. É representado como um homem que possui quatro cabeças (Caturanana), vestindo um traje branco e cavalgando um cisne ou um pavão real.  Hamsa é o cisne que serve de veiculo para Brahma, é símbolo da liberdade soberana alcançada com a maturidade espiritual. O cisne revelaria a natureza dual de todos os seres. Ele tem a capacidade de flutuar na superfície das águas sem deixar que elas o limitem. Quando abandona o domínio das águas, voa pelos ares, onde está tão à vontade quanto no mundo lá em baixo.Voando pelo espaço, emigra para o sul e para o norte, acompanhando o curso das estações. Ele transita nas esferas celestiais e esferas terrenas, movendo-se bem em ambas, sem que nem uma o limite. Representando a liberdade da Essência Divina, Hamsa, quando deseja pousa sobre as águas, caminha pela terra e voa quando quer as alturas.

Brahma geralmente, leva em suas mãos os quatro livros sagrados (Vedas), um colar de contas (Mala), uma flor de lótus, um prato para recolher esmolas e uma vasilha para água dos banhos de sacrifício. Em algumas ocasiões aparece sentado numa posição de meditação e sobre uma flor de lótus que sai do umbigo de Vishnu.

Chamamos a atenção para a distinção que deve ser feita entre Brahman e Brahma. O primeiro é tido como o Senhor Supremo ou Última Realidade, Onipotente, Onisciente e Onipresente, do qual tudo provém e ao qual tudo retorna. O segundo, juntamente com os demais deuses, é considerado apenas como um aspecto ou uma manifestação do Ser Supremo, para que se possa produzir a existência. Brahma é identificado à divindade dos Vedas, conhecida como Prajapati, o Senhor das criaturas (Pati = pai, esposo/Praja = força criadora, natureza).

Segundo algumas lendas, pela união de Brahma com Bakchase (uma mulher da raça dos gigantes), provieram os Brahmanes, a casta de sacerdotes e doutores destinada à propagação das leis religiosas. Do braço direito de Brahma surgiu um homem (Kshatrya) e do braço esquerdo uma mulher (Kshatryani). O enlace desses dois seres deu origem a casta de guerreiros. Da coxa direita de Brahma surgiu um terceiro homem (Vaishya) e da coxa esquerda uma mulher (Vaishyani), para dar origens a casta dos comerciantes e lavradores. Finalmente, do pé direito de Brahma surgiu um quarto homem (Sudra) e do pé esquerdo uma mulher (Sudrani) para dar origem a quarta casta, constituída por artistas, operários de toda espécie de trabalhadores. Existe uma lenda no Matsya Purana sobre os quatro rostos de Brahma, o nascimento de Saraswati e a criação do mundo:

Brahma, no principio da criação, apartir da própria substancia imaculada, formou uma mulher a qual foi conhecida pelos nomes de Saraswati, Shatarupa, Savitri, Gayatri ou Brahmani. Após o ato consumado, quando Brahma contemplou a maravilhosa mulher que havia saído do seu próprio corpo, apaixonou-se por ela e passou a olhá-la com enorme desejo. Saraswati, envergonhada, desviou-se para a direita para evitar o olhar de desejo do seu criador, mas, no mesmo instante , surgiu no corpo de Brahma uma nova cabeça para continuar fitando-a. Em um novo movimento, Saraswati voltou-se para a esquerda passando por trás de Brahma. Apareceram, então, outras duas cabeças no corpo do deus. Outro movimento de Saraswati para o alto provocando o surgimento de uma quinta cabeça.

Após essa fuga ineficaz, Brahma conseguiu deter a atenção de Saraswati e disse apaixonado: “ó, meu amor, por favor, conceda-me seu carinho para que possamos nos unir e dar origem a todas as criaturas animadas, homens, deuses e demônios desse universo”.Ao ouvir tais palavras, Saraswati desceu do alto de onde se refugiava, desfez-se de sua timidez e uniu-se a Brahma. Logo após terminarem de povoar o universo com suas mais diversificadas criaturas, Brahma e Saraswati retiraram-se para um local secreto, onde viveram juntos por mais um espaço de cem anos divinos. Desse novo período de amor nasceu o sábio Manu, chamado também de Svayambhuva ou Viraj.

Nas representações artísticas, Brahma normalmente aparece possuindo quatro cabeças, pois conta-se que a quinta cabeça surgida pela força de seu desejo foi destruída pelo fogo do terceiro olha deShiva. Isso porque Shiva recriminou o ato de Brahma de sedução que Brahma impôs sobre Savitri. Segundo Jung, as quatro cabeças de Brahma, voltadas para as quatro direções do universo, representariam a necessidade de orientação psíquica do ser humano. Essas quatro cabeças seriam como as quatro funções da consciência (o pensamento, o sentimento, a intuição e a sensação), que preparam o ser humano para lidar com as impressões que recebe do mundo interior e exterior. Brahma simbolizaria as funções que o ser humano deveria alcançar para desenvolver estados maiores de consciência. Essas quatro cabeças poderiam também significar: o ser físico, o ser racional, o ser emocional e o ser intuitivo.

Brahma possui os seguintes epítetos: Atmabhav, o auto existente; Lokesha, o deus do mundo;Savitripati, o pai de Savitri; Aja, o incriado; Parmesthi, o chefe dos sacrifícios; Hiranyagarba, o que veio do ovo dourado; Svayambhu, aquele que se criou.

Fonte:OURSEL, Masson. Mitologia da Índia

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